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CNH sem Autoescola: qual a ideia do governo federal; o que é bom e o que é ruim nessa ideia

Governo propõe possibilidade de CNH sem autoescola para reduzir custos e ampliar o acesso à habilitação. Veja o que mudaria.


A possibilidade de obter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem precisar de autoescola pode deixar de ser apenas uma ideia e se tornar política pública. O governo federal pretende alterar as regras vigentes com o objetivo de reduzir custos e ampliar o acesso ao documento.

A proposta, liderada pelo Ministério dos Transportes, quer tornar facultativas as aulas em autoescolas, mantendo obrigatórias apenas as provas teórica e prática.

O que propõe o governo em relação à “CNH sem autoescola”

A proposta do governo é simples: permitir que qualquer cidadão se inscreva diretamente para as provas de habilitação, sem a exigência de cumprir a carga horária de aulas teóricas e práticas em autoescolas.

CNH sem Autoescola qual a ideia do governo federal

O modelo atual, em vigor desde 1998, exige a realização de aulas como condição para a inscrição nos exames.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que a intenção é “facilitar, desburocratizar e baratear” o acesso à CNH. O plano já está pronto e será encaminhado ao presidente Lula, podendo ser implementado por regulamentação, sem necessidade de passar pelo Congresso Nacional.

O governo entende que a exigência de aulas não está prevista em lei, mas sim em normas administrativas, o que permite sua revisão via decreto.

Justificativas para a mudança

O principal argumento do governo é o custo elevado da CNH, que pode ultrapassar R$ 5 mil em algumas regiões do país. Esse valor tem sido considerado impeditivo para milhões de brasileiros. Segundo dados do próprio Ministério dos Transportes:

  • Cerca de 60 milhões de brasileiros têm idade para obter a CNH, mas ainda não o fizeram.
  • Aproximadamente 20 milhões dirigem atualmente sem habilitação.
  • Em algumas regiões, até 40% dos motociclistas não possuem CNH.

O ministro também aponta que, diante de recursos limitados, muitas pessoas acabam comprando veículos — especialmente motos — antes de obterem a habilitação. O governo acredita que permitir acesso mais barato à CNH pode reduzir a informalidade e os riscos associados.

Como a ideia de CNH sem autoescola funcionaria na prática?

Com a mudança, as aulas em autoescolas se tornariam opcionais, e os candidatos teriam liberdade para buscar outras formas de preparação. A proposta prevê:

  • Manutenção das provas teórica e prática;
  • Possibilidade de preparo com instrutores credenciados fora das autoescolas;
  • Inclusão de alternativas como ensino a distância para o conteúdo teórico;
  • Supervisão contínua da Senatran e dos Detrans nos exames.

A ideia seguiria um modelo que mantém os exames como filtro de qualificação, mas dá autonomia ao cidadão sobre como se preparar.

Críticas e preocupações

A proposta gerou reações de entidades ligadas ao trânsito. A Associação Nacional dos Detrans (AND) afirmou acompanhar com preocupação o debate e defendeu que qualquer mudança preserve a qualidade da formação dos condutores. Para a entidade, a redução de custos não pode comprometer a segurança viária.

Especialistas também questionam se a preparação autodidata será suficiente para garantir motoristas qualificados, principalmente em relação à direção defensiva, comportamento no trânsito e normas legais. A preocupação é que, sem uma formação estruturada, o número de acidentes possa aumentar.

Riscos sociais e operacionais

O governo reconhece que há riscos, mas argumenta que a realidade atual já é problemática. O ministro destacou que muitas pessoas já dirigem sem qualquer formação e que, nesse cenário, a regulamentação da preparação alternativa seria um avanço.

renovação da CNH 2025

Outro ponto levantado por Renan Filho é a existência de supostas “máfias das autoescolas”, com práticas como reprovações propositalmente induzidas para aumentar a arrecadação.

A desobrigação do uso exclusivo das autoescolas, segundo ele, tiraria a pressão econômica que alimenta essas distorções.

Impactos esperados

O governo aposta em vários benefícios com a implementação da proposta:

  • Redução de custos para o cidadão: até 80% nas categorias A e B, segundo estimativas da Senatran;
  • Acesso facilitado à CNH por pessoas de baixa renda;
  • Aumento da formalização de condutores;
  • Inserção no mercado de trabalho, especialmente em setores que exigem habilitação;
  • Avanços na equidade de gênero, ao permitir que mais mulheres possam tirar a carteira sem depender de uma escolha familiar que priorize os homens.

Para o governo, a proposta é uma forma de reduzir desigualdades e tornar o documento acessível a uma parte significativa da população.

Jornalista, ex-repórter do Jornal e Canal "O Repórter" e ator profissional licenciado pelo SATED/PR. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.